Boi Neon
Boi Neon, dirigido por Gabriel Mascaro, é um filme que foge do comum ao nos levar para os bastidores das vaquejadas, onde acompanhamos a rotina de Iremar (Juliano Cazarré), um vaqueiro que sonha em ser estilista. Enquanto cuida dos bois, ele passa as noites criando vestidos para Galega (Maeve Jinkings), sua colega de viagem e dançarina em boates. Essa mistura inusitada de trabalhos e desejos cria um universo fascinante, que desafia estereótipos e nos faz repensar as expectativas que temos sobre quem as pessoas “deveriam” ser.
Visualmente, Boi Neon é um espetáculo. A fotografia utiliza luz natural para destacar a beleza bruta do sertão e a relação íntima entre os personagens e a natureza. Cada plano parece cuidadosamente pensado para transmitir sensações – da poeira das vaquejadas ao silêncio das noites na estrada. Não há trilha sonora fora do universo do filme, o que reforça ainda mais o clima de imersão e autenticidade.
O que torna o filme especial é como ele subverte as expectativas. Iremar não é apenas um vaqueiro; ele é um criador de sonhos. Júnior, um novo colega, preocupa-se mais com o alisamento do cabelo do que com a poeira das vaquejadas. Essas escolhas narrativas mostram que as pessoas não podem ser reduzidas a rótulos, e que seus desejos e identidades vão muito além das aparências.
Boi Neon não é para todos, mas, para quem se permite entrar nesse universo, o filme oferece uma experiência rica e única. Gabriel Mascaro nos entrega uma obra que celebra a diversidade e a liberdade de ser quem se é, mesmo nos cenários mais inesperados. É um exemplo de como o cinema brasileiro pode ser ousado, sensível e universal.
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